DIAGNÓSTICO DA ONU. Violência assusta 92% dos gaúchos - MARCELO GONZATTO
Realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, uma pesquisa inédita revela que a violência apavora os gaúchos e modifica os hábitos de boa parte da população. O estudo, que investigou os valores morais que o brasileiro mais preza, mostra ainda que a educação é considerada pela população o caminho para uma vida melhor
Uma pesquisa inédita do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre os valores morais dos brasileiros revela que a violência é uma das principais preocupações dos gaúchos.
O trabalho, que será logo discutido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aponta que para 92% dos rio-grandenses a violência vem aumentando, e quase metade da população já alterou a sua rotina pelo menos uma vez devido ao medo. Na comparação com os resultados nacionais, cujos números deverão ser divulgados pelo Pnud somente nos próximos dias, a consternação dos gaúchos diante da violência ganha destaque. Além dos 92% que acreditam em uma piora progressiva das condições de vida, para outros 5,5% os casos de agressão se mantêm no mesmo patamar. – O resultado dos gaúchos em relação à violência é superior à média do país. É um dado avassalador – revela o coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud do qual a pesquisa faz parte, Flavio Comim.
A principal fonte de preocupação da população do Estado nessa área é a violência urbana, já que o tipo de ameaça mais temida é a representada por bandidos, somando 52% das respostas. O receio de se tornar a próxima vítima interfere no dia a dia de boa parte da população, conforme indicou o questionário aplicado a 243 pessoas no Rio Grande do Sul e obtido com exclusividade por Zero Hora. Cerca de 46% dos entrevistados gaúchos declararam já ter mudado um hábito cotidiano, pelo menos alguma vez, devido ao medo. Incluem-se nessas respostas comportamentos como deixar de circular por determinadas ruas ou bairros, ter dificuldade para dormir, deixar de sair à noite ou evitar conversar com vizinhos.
Os organizadores do trabalho ressalvam que a pesquisa traduz a percepção pessoal sobre a violência. Isso quer dizer que, mesmo se eventualmente os casos concretos de ameaça, agressão ou morte estiverem caindo, a percepção é de uma sociedade cada vez mais hostil.
MEDO DA VIOLÊNCIA
1. Como está a evolução da violência?Vem crescendo - 92,64. Vem diminuindo - 0,61%. Não sabe - 0,61%. Não respondeu - 0,61%
2. Que tipo de violência mais incomoda?
Dos bandidos - 52,76%. Na família - 24,54%. No bairro - 9,82%. No trânsito - 5,52%. Na escola - 4,91. Outras - 2,45%
OPINIÕES
Ildo Gasparetto, superintendente da Polícia Federal no Estado - “A tendência, em um mundo globalizado, é os governos terem de dar mais atenção à segurança. Quanto maior o desenvolvimento, mais tem de se aplicar em segurança. Quanto à percepção sobre o aumento da violência, hoje há muito mais divulgação por jornal, TV, internet, e isso reflete na população. Acho que a situação de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde há recuperação de territórios da criminalidade, a longo prazo vai se refletir aqui também. Segurança se faz com trabalho a longo prazo.”
Jones Calixtrato dos Santos, subcomandante da Brigada Militar - “Hoje, até pela participação conjunta dos órgãos de segurança, como Brigada, Polícia Civil, de mais viaturas nas ruas, acredito que estamos dando uma sensação de segurança maior. Há mais presença efetiva na rua, e indicadores de criminalidade do Estado estão caindo. Mas há grupos agindo no Estado que praticam crimes violentos, tomam reféns, entram em confronto com a Brigada e podem estar dando essa percepção de violência. Mas temos prendido integrantes de todos esses grupos.”Ildo Gasparetto, superintendente da Polícia Federal no Estado - “A tendência, em um mundo globalizado, é os governos terem de dar mais atenção à segurança. Quanto maior o desenvolvimento, mais tem de se aplicar em segurança. Quanto à percepção sobre o aumento da violência, hoje há muito mais divulgação por jornal, TV, internet, e isso reflete na população. Acho que a situação de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde há recuperação de territórios da criminalidade, a longo prazo vai se refletir aqui também. Segurança se faz com trabalho a longo prazo.”
Álvaro Steigleder Chaves, chefe da Polícia Civil - “Acho que a pesquisa aponta mais uma percepção apenas. Se nós pensarmos, a massa carcerária aumentou muito, então quer dizer que a repressão ao criminoso também aumentou. Pode ser que a divulgação dos fatos violentos é que explique isso. Há queda em alguns índices de criminalidade, em detrimento de outros. Alguns aumentam em uma área, em outras diminuem. Tem de se fazer análise caso a caso. Mas o fato é que a repressão aumentou muito.” Postado por JORGE BENGOCHE. COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - ORDEM PÚBLICA É UMA SITUAÇÃO DE PAZ SOCIAL, DE CALMARIA, DE SEGURANÇA E TRANQUILIDADE. SEGURANÇA PÚBLICA É UM CONJUNTO DE PROCESSOS JURÍDICOS E ADMINISTRATIVOS ENVOLVENDO INSTRUMENTOS DE COACÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA NO EXERCÍCIO DA PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA. PORTANTO, QUANDO SE FALA EM PRESERVAR A ORDEM PÚBLICA, DEVE-SE PERGUNTAR TAMBÉM PARA JUIZES, PROMOTORES, DEFENSORES, AGENTES PRISIONAIS, EDUCADORES E AGENTES DA SAÚDE. INFELIZMENTE, O COMBATE À VIOLÊNCIA NO BRASIL PARECE SER DE COMPETÊNCIA APENAS DAS POLÍCIAS. ONDE ESTÃO OS OUTROS?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou?