Sinteticamente,
faremos uso de conceitos metajurídicos na aplicação da norma ao caso concreto,
com o fito de dirimir as controvérsias entre as normas do direito internacional
e de direito interno, na medida em que ao sistema jurídico, urge a plena adequação
às novas tendências mundiais, diante da mutabilidade das relações entre os
povos e porque não dizer da versatilidade do Direito, inserido em uma sociedade
plural, massificada e complexa.
1. GÊNESE.
1.1. Esboço
Histórico do Direito Internacional Privado.
O fator econômico, já na Antiguidade, serviu de elo
para aproximar certos povos, tendo em vista a intensidade do comércio entre
cidades vizinhas. Em razão disto, surgiu um direito com a finalidade de
proteger a vida e os bens dos estrangeiros.
O nascimento do direito na forma de uma ordenação
social organizada é bem remota, o exemplo mais antigo é o Código de Hamurabi[1],
entre suas regras, algumas tratam das normas de comércio na Babilônia ou com
países estrangeiros, referindo-se a figura do mercador ambulante, que atuava
como agente de um comerciante principal de uma das grandes cidades da época,
regulando o Código, seu relacionamento.
Todavia, com base neste relacionamento, ressalta-se o
desprezo e a aversão que os povos primitivos tinham pelos estrangeiros. Esse
sentimento devia-se a princípios xenófobos, como os da defesa extrema da terra,
da economia interna, do trabalho, dos costumes e das práticas e princípios
religiosos, das quais os estrangeiros estavam excluídos, “não podendo”, assim
gozar dos mesmos direitos que os nacionais.
Certos povos, no entanto, desenvolveram em menor ou
maior proporção, a prática de hospitalidade, movidos que fossem por interesses
comerciais, políticos ou mesmo culturais. Mas a situação de inferioridade dos
estrangeiros em solo grego e depois romano tinha raízes profundas e decorria da
série de fatores acima enumerados, sobretudo das antigas regras que a religião
estabelecera, tais como, aquelas que estabeleciam que os estrangeiros não podiam
ser proprietários, nem herdar dos cidadãos ou os cidadãos deles[2].
Os peregrini,
ou seja, os estrangeiros com exclusão dos bárbaros (pois os últimos, após
sindicância, somente podiam permanecer em Atenas com direitos restritos, não
podendo adquirir propriedade imóvel nem casar legitimamente com nacionais,
respondendo às penas mais severas que estes) eram na Grécia antiga, equiparados
aos atenienses em alguns pontos, sendo admitidos a tais direitos em razão de
tratados ou de decreto popular.
OBS: O tratado internacional, que cuida de quase todas as
questões de direito internacional privado, é o Código de Bustamante, Código de Direito Internacional
Privado/Convenção de Direito Internacional Privado dos Estados Americanos –
Convenção assinada em Havana, em 20/02/1928. Promulgada no Brasil pelo Decreto
nº 18.871, de 13/08/1929; e o Estatuto
do Estrangeiro – Lei nº 6.815, de 19/08/1980.
1.2. Esboço
Histórico do Direito Internacional Público
O direito internacional desenvolveu-se
extraordinariamente depois da segunda guerra mundial. O convívio dos Estados em
uma comunidade juridicamente organizada e a intensificação das relações entre
os povos produziu uma nova tessitura de normas, em grande parte, incorporadas
em convenções.
Hodiernamente, o conhecimento do Direito Internacional
para o operador do Direito, é cada vez mais importante, tendo em vista que a
repercussão dos problemas internacionais na vida de cada Estado aumenta com o
número crescente de convenções vigentes, que, por força da promulgação, passam
a fazer parte da ordem jurídica interna dos Estados.
A codificação e o desenvolvimento progressivo do
direito internacional transformam o velho direito das gentes, antigamente
considerada como uma disciplina vaga em meio ao amontoado frouxo de princípios
consuetudinários e práticas tradicionais, esparsamente incorporados em
convenções, e na atualidade, traduz-se em um dos mais vivos e florescentes
ramos da ciência jurídica.
1.2.1. Períodos Históricos: 1º Período: DA ANTIGUIDADE ATÉ O CONGRESSO DE VESTFÁLIA.
Até a Idade Média, não
existiam os Estados, existia na verdade, três Poderes que se opunham: Roma e
seu Império (Advento do Cristianismo); Hegemonia Papal (Reforma); Fim do
Feudalismo (processo unificador do reino, concentração do poder no Rei).
Historicamente,
observa-se o Desenvolvimento do Comércio Marítimo e Leis e Costumes Marítimos
(Novas regras do D.I) da forma que segue:
1º) As Leis de Rhodes séc-
VII;
2º) Consolato del Mare
–Elaborado em Barcelona- meados do séc. XIV;
3º) Liga das Cidades
Comerciais para a proteção do Comércio e dos cidadãos – Liga Hanseática.
O Congresso e Respectivo Tratado de Vestfália[3]
de 24/10/1648, pôs fim à Guerra dos 30
Anos (1618-1648), e deixou como conseqüências:
1) Princípio do Equilíbrio
Europeu (os Estados europeus reuniram-se para deliberar).
2) Princípio da Igualdade
Jurídica dos Estados: A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana
de todos os seus membros.
3) Primeiros Ensaios de uma
Regulamentação Internacional positiva.
2º Período: DO
CONGRESSO DE VESTFÁLIA AO CONGRESSO DE VIENA
Século XV e XVI: Descobrimentos
(Portugal e Espanha). Já havia na Europa alguns Estados independentes,
consequentemente surge o “Jus inter
gentes”, regido por um direito natural acima da vontade individual dos
Estados independentes, tendo como precursores/idealizadores do Direito
Internacional Público: - FRANCISCO DE VITÓRIA (1480-1456): Fundador da Ciência
do DI. Professor de teologia em Salamanca[4]; -
FRANCISCO SUÁREZ (Jesuíta de Granada) – Lecionou em Coimbra (1549-1617) – Conceito
de uma Comunidade Universal supra-Estadual; - HUGO GRÓCIO (1583-1645): Fundador
e sistematizador do DI (o caso de Gentille) Jurista, Filósofo, Teólogo, Músico,
Poeta, Historiador.
O Congresso de Viena (1815):
Não se limitou apenas a consagrar a queda de Napoleão e estabelecer uma nova
ordem política na Europa, teve um espírito conservador que deixou como legado:
1) Princípio da Proibição
do Tráfico de Escravos; 2) Princípio da Liberdade de Navegação em certos rios
internacionais; 3) Neutralidade Perpétua da Suíça; 4) Surgimento da Doutrina
Monroe - James Monroe enviou uma mensagem em 02/12/1823 ao Congresso dos EUA,
que estabelecia:
a) O Continente Americano não pode ser sujeito no futuro
à ocupação por parte de nenhuma potência européia;
b)
É inadmissível a intervenção de potências
européias nos negócios internos ou externos de qualquer país americano.
c)
os EUA não poderá intervir nos negócios
pertinentes a qualquer país europeu.
3º Período: DO
CONGRESSO DE VIENA À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: em meados do Século XIX, ocorreram fatos favoráveis ao
progresso do DIP: a) Congresso de Paris (1856): Normas relativas à Guerra no
Mar que Aboliu o Corso; b) 1ª Convenção da Cruz Vermelha (1864): Decidiu sobre
a sorte dos militares feridos e doentes na guerra terrestre. (Hoje Comitê
Internacional da Cruz Vermelha: CICV); c) Declaração de Genebra (1868): contra
o uso de projéteis explosivos e inflamáveis e contra o uso de drogas
asfixiantes; d) 1ª Conferência Internacional dos Países Americanos (Washington,
outubro de 1889 a
abril de 1890); e) 1ª Conferência de Paz de Haia (1899). Criação da Corte Permanente de Arbitragem de Haia,
ainda hoje existente, visando à solução pacífica dos Litígios Internacionais.
4º Período: SÉCULO
XX-XXI: O Direito Internacional Público, no século XX atingiu
seu desenvolvimento, tendo como Marco histórico: a) 1906- Fauchille submeteu um
relatório sobre os aspectos legais das aeronaves (Tridimensional); b) Criação
do Instituto de Direito Internacional; c) As Conferências Internacionais Americanas:
México-1901-1902, Rio de Janeiro-1906, Buenos Aires – 1910, Santiago do Chile-
1923, Havana – 1928; 1907 – 2ª Conferência de Paz de Haia – 44 países inclusive
da América do Sul, Conferência Naval de Londres (Dezembro de 1908 a fevereiro de 1909 ), Conferência
de Paz de Paris ( 1919 ); d) Criação da
Liga das Nações (ou Sociedade das Nações); e) Criação da Corte Permanente de
Justiça Internacional; f) Pacto Briand-Kellog de proscrição da Guerra; g) 1ª
Conferência para a Codificação do Direito Internacional (HAIA ) – 1930; h) Criação
da ONU e de inúmeras Organizações Internacionais; i) Carta de S.Francisco de
26/6/1946: Finalidade: Busca da paz e segurança internacionais; j) A
Conferência de Breton Woods (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e
outros); l) Criação da Comissão de
Direito Internacional; m) Convenção de Genebra sobre o Direito do Mar;
1961- Convenções: 1961 – Relações Diplomáticas; 1963 – Relações Consulares; 1969
– Direito dos Tratados; 1975 – Representação dos estados com as Organizações
internacionais de caráter universal; 1982 – Convenção da ONU sobre o Direito do
Mar de Montego Bay; 1983 – Sucessão dos Estados em Matéria de Tratados; 1985 –
Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre estes.
2. PRESSUPOSTOS PARA A EXISTÊNCIA DO DIREITO
INTERNACIONAL PÚBLICO:
a) Pluralidade de Estados
soberanos: Regula as relações entre Estados com autodeterminação
b) Comércio Internacional: A
existência de relações de comércio provoca imediatamente o aparecimento de
normas para regular-las.
c) Princípios Jurídicos
Coincidentes: Se não existissem valores comuns não poderia haver o DIP.
2.1. Sinonímias do Direito Internacional Público: Direito das Gentes: diferente do “ius
gentium” romano, constante de dispositivos sobre os tratados e declarações
de guerra e a convivência entre o romano (cidadão) e os estrangeiros (bárbaros).
Era, sobretudo, um direito interno. Direito dos Povos
2.2. Formas de interpretação do Direito Internacional
Público:
a) Visão Clássica: O DIP tal
qual ele se apresenta.
b) Visão Marxista: a força
econômica da classe dominante, influenciando o tipo de Direito que se tem.
c) Por uma visão crítica:
perceber que o que está posto não é o melhor, as influências que direcionam
para rumos diferentes e quais as perspectivas ou como colaborar para as
mudanças positivas.
2.3. Contradições:
a) a soberania e a necessidade de cooperação
b) O DIP procura a paz e a segurança, mas existem as
exigência revolucionárias nacionais
c) A soberania e a igualdade dos Estados e, por outro
lado, o enorme poder dos grandes
3. DEFINIÇÕES:
a) “Conjunto de regras e
princípios que regem as relações jurídicas entre Estados” (Posição
clássica-positivista);
b) “um sistema de
princípios e normas que regulam as relações de coexistência e de cooperação,
frequentemente institucionalizadas, além de certas relações comunitárias entre
Estados, dotados de diferentes graus de desenvolvimentos socioeconômicos e de
poder” (Díez de Velasco);
c) “o conjunto de normas
jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as
das demais pessoas internacionais, como determinadas Organizações, e dos
indivíduos” (Hildebrando Accioly )
d) “Ramo do Direito Público
que regula as normas convencionais, pactos e costumes jurídicos, visa o
ordenamento através de acordo realizado por Estados independentes” (Miguel
Reale).
e) “é o ramo do direito
chamado a regular as relações entre Estados soberanos e organismos assimilados”
(Belfort de Matos).
f) “é o conjunto de regras
e de instituições jurídicas que regem a sociedade internacional e que visam a
estabelecer a paz e a justiça e a promover o desenvolvimento” (Jean Tuscoz).
4. DIVISÕES DO DIREITO INTERNACIONAL
Quanto ao objeto: Direito
da Paz e da Guerra – clássica.
Quanto à abrangência:
a) Direito Internacional Público Geral; b) Direito Internacional Privado.
4.1. RAMOS OU SUB-RAMOS DO DIREITO INTERNACIONAL.
- Ramos Antigos: Direito da Guerra e da Neutralidade; Direito do Mar; Direito Aéreo; Direito
Diplomático e Consular; Direito dos Tratados;
- Ramos Novos: Direito
Internacional do Espaço Extra-Atmosférico; Direito Internacional da Proteção
dos Direitos do Homem; Direito Internacional da Economia e do Desenvolvimento; Direito
Administrativo Internacional; Direito das Organizações Internacionais; Direito
da Cooperação Científica e Técnica; Direito Internacional do Meio Ambiente; Direito
do Comércio Internacional.
5. BASES SOCIOLÓGICAS DO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICOO DIP, para existir, pressupõe a existência de
determinados fatores que os doutrinadores denominam de bases sociológicas, que
podem ser assim resumidas:
a) PLURALIDADE DE ESTADOS SOBERANOS: devem existir vários Estados soberanos, porque é o
DIP que regula as relações entre eles. Ressalve-se, entretanto, que um Estado é
soberano dentro de suas fronteiras, mas fora delas todos os Estados se
equivalem.
b) COMÉRCIO INTERNACIONAL: havendo comércio entre vários Estados são necessárias
normas que regulem as relações existentes.
c) PRINCÍPIOS JURÍDICOS COINCIDENTES: ou seja, comuns aos Estados (pacta sunt servanda) -
se não existirem valores comuns, não poderá existir o DIP.
Diz respeito à possibilidade de conflito entre uma
norma internacional e uma norma interna. Algumas constituições têm contemplado
as relações entre o Direito Internacional e o Direito Interno, ou seja,
vinculam-se a um processo de internacionalização, mas a brasileira,
infelizmente, é omissa quanto à matéria.
Normalmente cabe ao Poder Judiciário decidir, que o
pode fazer até com primado do Direito Interno. No momento em que ocorre um
conflito, perguntamo-nos qual será a norma que deverá prevalecer, o primeiro
estudo sistemático da matéria foi feito por HENRICH TRIEPEL, em 1899, parte do
princípio de que não existe possível conflito entre essas duas normas. Declara
sua independência dizendo não existir entre elas nenhuma área comum e que lhes
é possível apresentarem-se como tangentes, mas nunca como secantes.
A Teoria de Triepel baseia-se nas diferenças entre as
duas normas, interna e internacional e que tentaremos aqui resumir: A primeira
diferença: na ordem internacional o Estado é o único sujeito de Direito,
enquanto na ordem interna, acrescenta-se também o indivíduo como sujeito de
direito. A segunda diferença: refere-se às fontes nas duas ordens jurídicas.
Enquanto o Direito Interno é o resultado da vontade de um só Estado, o DI tem
como fonte a vontade coletiva dos Estados. A terceira diferença: está na
estrutura das duas ordens jurídicas. Na ordem internacional a estrutura está
baseada na coordenação, enquanto na ordem interna, baseia-se na subordinação.
Assim, esta concepção nos conduz à denominada TEORIA
DA INCORPORAÇÃO, ou seja, para que uma norma internacional seja aplicada no
âmbito do Estado, é necessário que se faça primeiro sua
"transformação" em direito interno, incorporando-a em seu sistema
jurídico.
5.1. FUNDAMENTO DO
DIREITO INTERNACIONAL: a) Voluntarista - Autolimitação
(Jellinek ): Vontade metafísica do Estado, Limitação ao poder absoluto. O
Estado no direito interno, quando outorga a Constituição aos seus súditos,
submete-se aos direitos individuais, princípio de separação de poderes, da não
retroatividade das leis. No DI ocorre a autolimitação nos tratados, a Refutação:
direito fundado apenas na vontade unilateral não subsiste. Também não se
explica as regras erga omnes do
costume internacional e o jus cogens;
b) Vontade comum (Triepel). A
vontade de um Estado não pode ser o fundamento nem as leis concorrentes dos
Estados. Só as vontades de um certo número de Estados juntadas numa unidade volitiva
podem constituir o fundamento do D.I. Refutação: Também o fundamento da
obrigatoriedade fixa-se na vontade. Ficam a descoberto ainda o costume
internacional e o jus cogens; c)
Anti-Voluntarista: Teoria Pura ou Objetiva do Direito: As normas
encontram seu fundamento na que lhe é imediatamente superior. Assim, no Direito
Interno, cada norma inferior encontra seu fundamento na superior, até chegar à norma
maior, a Constituição. No Direito Internacional (visto como superior ao
interno, por ter nele o fundamento de todas as normas ), haveria uma norma
superior a todas que, inicialmente, seria o PACTA SUNT SERVANDA. (GRUNDNORM).
Depois, propugnou-se pelo DIREITO NATURAL. Outros dizem que é um postulado, que
foge à dogmática jurídica, tornando-se um problema filosófico e não
propriamente jurídiconormativo. Kelsen ( Teoria Objetiva ): “pacta sunt
servanda”; Direito Natural.
6. SOCIEDADE INTERNACIONAL
A formação da sociedade internacional e do Direito Internacional
Público deu-se juntamente com a formação das primeiras coletividades, onde o
estabelecimento de relações entre os indivíduos que a compunham, exigia normas
que as regulassem.
A sociedade internacional existe em decorrência das
relações contínuas entre as diversas coletividades, formadas por indivíduos que
apresentam como característica a sociabilidade (contida além das fronteiras de
um Estado), que também se manifesta no mundo internacional.
6.1. CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE
INTERNACIONAL
a)
UNIVERSAL: porque abrange todos os entes do globo terrestre;
b)
PARITÁRIA: porque há uma igualdade jurídica; é ABERTA, o que significa que
qualquer ente, ao reunir determinados elementos, pode nela ingressar, sem que
haja necessidade de que os membros já existentes se manifestem sobre o
ingresso;
c)
ABERTA: significa que qualquer ente, ao reunir determinados elementos poderá
ingressar, sem que haja necessidade de aprovação dos membros já existentes.
d)
DESCENTRALIZADA: porque não possui poderes executivo, legislativo e judiciário.
e)
ORIGINÁRIA: porque não se fundamenta em outro ordenamento jurídico, a não ser
no direito natural.
6.2. COMPOSIÇÃO
A sociedade internacional é composta por entes que
possuem direitos e deveres outorgados pela ordem jurídica internacional -
Estados, Coletividades Interestatais, Coletividades Não Estatais e o Indivíduo.
Entretanto, ao lado desses entes atuam diversos elementos estruturais que
influenciam a sociedade internacional, quais sejam:
a)
ECONOMIA: devido aos acordos comerciais, todos os problemas de natureza
econômica só podem ser resolvidos através de uma cooperação interestatal.
b)
RELIGIÃO: sob a ótica evolutiva da história, a religião influenciou
decisivamente no Direito Internacional, vez que o catolicismo angariou uma
série de institutos, tais como, a Paz de Deus, a Trégua de Deus, etc.
c)
CULTURA: se manifesta através da realização de acordos culturais entre os
Estados, na criação de novos organismos internacionais destinados à cultura e
na aproximação entre os Estados.
d)
POLÍTICA: onde claramente se vê a luta pelo poder e, pelo aumento do território
dos Estados, ou seja, a busca da hegemonia da ordem internacional.
7. NOVOS ESTADOS
Entre os séculos XVI e início do século XX o DIP foi
considerado por alguns autores como um produto do Cristianismo europeu, válido
para toda terra. Contudo, com a independência dos Estados Unidos no século XVII
cai a idéia de um direito europeu, passando a existir um sistema de Estados de
civilização cristã.
Com o tempo, a revisão do DI foi sendo defendida pelos
chamados "Novos Estados" que ingressaram na ordem internacional
existente a fim de participarem ativamente nas relações internacionais. A
reivindicação desses Estados era uma participação democrática proveniente da
convivência social internacional, que pudesse envolver o maior número de
Estados e de indivíduos aí existentes.
Entretanto, o que na realidade ocorre é que os Estados
mais poderosos, embora em minoria eram os que elaboravam e ainda hoje elaboram
as normas internacionais. Normalmente, o poderio dos Estados é levado em
consideração no momento de se decidir sua participação na formação dessas
normas.
Assim, acentua-se o conflito constante entre os países
desenvolvidos e os países em desenvolvimento, sendo que estes últimos
colocam-se em desvantagem, seja pela dificuldade de controle dos verdadeiros
órgãos diretores destas organizações, ou por serem subdesenvolvidos, pois
perdem a unidade por sua maior vulnerabilidade em relação aos países
desenvolvidos frente às influências estrangeiras.
Referências:
ARAÚJO. Luis Ivani de Amorim.
Curso de Direito Internacional Público. Forense
MELLO, Celso D. de
Albuquerque. Curso de direito
Internacional Público. Renovar.
RESEK, José Francisco. Direito Internacional Público. Saraiva.
LITRENTO, Oliveiros. Curso de Direito Internacional Público. Ed.
Forense.
[1] Constituído por decretos de eqüidade esculpidos num
monólito de pedra de quase três metros de altura e dois de circunferência que
se encontra preservado no Museu do Louvre, em Paris, datado de mais de 2.000 a .c.
[2] É em Roma, que se situa a primeira manifestação de
ordenamento cujos traços poderiam ser tomados como a gênese de um sistema de
direito uniforme para tratamento do estrangeiro em solo romano.
[3]
O Tratado acolheu muito dos ensinamentos de Hugo
Grócio, surgindo daí o DIREITO INTERNACIONAL tal como se conhece hoje.
Gostei muuuito! Esse teu blog é um luuuxo gata!
ResponderExcluirAdoro!
Mércia Liane