O Museu Britânico é um marco fundamental no estabelecimento do método
museológico, além de representar diversos aspectos característicos tanto dasociedade inglesa vitoriana quanto
do pensamento político e científico do século XIX. Aberto em 15 de janeiro de 1759,
após a aprovação do rei Jorge II em 1753,
foi o primeiro grande museu público, gratuito, secular e nacional em todo o
mundo. Não foi, entretanto, o primeiro museu moderno. O Museu
Ashmolean, de Oxford (1679),
tem o mérito de ter sido a primeira grande instituição museológica destinada
especificamente a exposições públicas, organizadas para propósitos
educacionais.
Ao ser fundado, o Museu Britânico reuniu três coleções: a Cottonian
Library, coleção de manuscritos medievais de Sir Robert
Cotton (1570-1631), os
manuscritos da coleção do Conde de Oxford, Robert Harley (1661-1724) e a enorme coleção de Sir Hans Sloane (1660-1753),
composta de antigüidades clássicas e medievais, moedas, manuscritos, livros,
quadros e gravuras, além das peças que formariam o núcleo central do
Departamento de História Natural do Museu Britânico. A enorme
heterogeneidade dessas coleções sem dúvida foi a característica mais marcante
dessa fase. O museu não estava tão distante dos gabinetes de curiosidades que
marcaram a Europa no século XVIII: era pouco mais do que um enorme amontoado de
objetos sem nenhuma classificação ordenada, apresentados menos para propósitos
educacionais do que para "exaltar o espírito e enaltecer o progresso da
humanidade".
Da antiguidade temos
a origem de uma característica do museu moderno, em especial do museu Britânico:
a combinação de exposições (entretenimento educacional para o público geral) e
de uma biblioteca (pesquisa
para um público erudito e acadêmico). A partir da consolidação desse modelo por Anthony
Panizzi (1797-1879) na Biblioteca Britânica, este é um atributo
hoje praticamente obrigatório para qualquer museu.
Da transição do século XVIII para
o XIX, temos também outra característica: a formação do museu de
caráter nacional. Desde o desenvolvimento do Museu do Louvre, denominado Musée
Napoléondurante os primeiros anos do novo século, a rivalidade entre as
nações da Europa e a afirmação da identidade nacional desses países passou
também pela constituição do "museu nacional". A derrota definitiva de Napoleão talvez
tenha sido um dos fatores que estimularam a reconstrução do espaço do Museu
Britânico, além sem dúvida de expandir consideravelmente suas coleções: grande
parte do acervo de antigüidades egípcias, incluindo a Pedra de Roseta, foi obtido com a capitulação do exército
francês no Egito, em 1802.
A Pedra de Roseta é um bloco de granito negro (muitas vezes identificado incorrectamente como "basalto") atualmente depositado no Museu Britânico. A sua importância prende-se ao fato de que, à época de seu estudo, no século XIX, proporcionou aos investigadores um mesmo texto escrito em hieróglifos, em egípcio demótico em grego clássico. Como o grego era uma língua então bem conhecida, a pedra serviu como chave para a decifração dos hieróglifos por Jean-François Champollion, em1822, e por Thomas Young em 1823.
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A tentativa de reunir todo tipo de coleção possível foi uma forma de
apresentar através de objetos todo o conhecimento da humanidade, numa espécie
de "triunfo" do racionalismo científico. Obviamente, a acumulação de tantos objetos
distintos num único lugar era operacionalmente inviável, e a transferência de
algumas coleções foi se fazendo cada vez mais necessária. O desmembramento do
museu de deu em diversas etapas, das quais as mais importantes são a criação da National
Gallery (1824 – mais um exemplo do
"monumento" de inspiraçãonacionalista), a remoção do setor de História Natural para o Museu de
História Natural (a
partir de1880, para um edifício que, diferentemente do Museu Britânico
e de seu estilo Neoclássico, celebrava o naturalismo racional científico no
estilo Neogótico)
e a transferência do setor de Etnografia, rico em objetos recolhidos nas expedições do
Capitão James Cook, a partir de 1870.
O Museu Britânico abriga
mais de sete milhões de objetos de todos os continentes, ilustrando e
documentando a história da cultura humana de seus primórdios até o presente.
Muitos dos artefactos da sua colecção estão armazenados nos depósitos situados
nos porões do museu, por conta da falta de espaço para mostrá-los. Assim como
muitos outros museus e galerias no Reino Unido,
o Museu Britânico tem entrada gratuita, excepto no caso de algumas exposições
temporárias especiais.
Ele também conta com um serviço educativo responsável
por apresentações didáticas da colecção para escolas, famílias e adultos.
Oferece também um curso de pós-graduação sobre arte clássica e decorativa da Ásia.
Em Dezembro de 2000 foi inaugurado o
Great Court, a maior praça coberta da Europa. Ela ocupa o espaço central do
prédio, ao redor da Sala de Leituras (The Reading Room) da biblioteca (que
agora foi transferida para St. Pancras). A construção
do majestoso Reading Room, na década de1850, foi primeiramente
uma saída tanto para a falta de espaço, devido ao vertiginoso aumento do
acervo, quanto mesmo para a própria aberração arquitetónica do imenso
quadrilátero vazio que era parte do projeto original do arquitecto Sir Robert Smirke para
o museu.
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