WikiLeaks: o boicote americano ao foguete brasileiro! Por Stanley Burburinho (Enviado por luisnassif, ter, 25/01/2011 - 11:42). "EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks. Publicada em 25/01/2011 às 07h24m. José Meirelles Passos. RIO - Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o
Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o
governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil
tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de
não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas
pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros. A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama
que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em
janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da
Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a
parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e
permitissem que firmas americanas de satélite pudessem
usar aquela plataforma de lançamentos. Além de ressaltar que o custo seria 30%
mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos
apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o
de que se os EUA não derem tal passo, os russos
preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em
cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a
Washington. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília
deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr
Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto
conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas
Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil". Mais adiante, um alerta:
"Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao
estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal
atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil". O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado
entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão
de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA.
Além disso, permitiriam inspeções americanas à base
de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em
2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA
dispensaram tal ajuda. Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas
que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa
data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz
outro documento confidencial. Viagem de astronauta brasileiro é
ironizada. Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro
telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro,
Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa
ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista
americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem
idêntica. A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da
Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde
Alcântara. E, também, como uma jogada política
visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Num ano
eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil
imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar. Essa pode ser a palavra final
numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo'
para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa
à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua,
dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo
para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.
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